segunda-feira, 19 de novembro de 2012

PRESENÇA

                                                    

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
a folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te!


(MárioQuintana)

2 comentários:

  1. "A saudade é uma entidade subentendida como a dor da ausência. Mas nem sempre é. Há um quê de prazer na saudade leve, da carência inicial, na lembrança de ontem ao luar, do sorriso enigmático de uma face rosada de timidez, do sentimento de vitória que ficou depois daquele beijo roubado ..."
    Expedito (Profex)

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    1. É verdade professor. São lindas suas palavras, dizem tudo..
      Obrigada pela visita. Um abraço.

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Obrigada.