Tem algo de orquídea que brota exclusiva de um tronco, inteira!
Não é um tronco de margaridas jovens tagarelando nas manhãs.
Nem uma adolescente, com o brilho de seus cabelos,
com essa irradiação que vem dos dentes e dos olhos, que nos extasia.
Mas a mulher madura, tem um som de adágio em suas formas.
E até no gozo ela soa com a profundidade de um violoncelo,
e a sutileza de um oboé, sobre a campinas do leito.
A boca da mulher madura tem uma indizível sabedoria.
Ela chorou na madrugada, e abriu-se em opaco espanto.
Ela conhece a traição, e ela mesma saiu sozinha,
Para se deixar invadir pela dimensão de outros corpos.
Por isto as suas mãos são ilíricas no drama
e repõem no seu corpo, um aprendizado da macia paina de setembro e abril.
O corpo da mulher madura, é um corpo que já tem história.
Inscrições se fizeram em suas superfícies. Seu corpo não é
como na adolescência uma pura e agreste possibilidade.
Ela conhece seus mecanismos, apalpa suas mensagens,
decodifica as ameaças numa intimidade respeitosa.
Sobretudo, o primeiro namorado, ou o primeiro marido
não sabem o que perderam em não esperá-la amadurecer.
Ali está uma mulher madura,
mais que nunca, pronta para quem a souber AMAR!
(Affonso Romano de Sant'Anna)
Já estava satisfeita de estar no estágio da maturidade. Agora com essa poesia então. Estou feliz por ser uma mulher madura.
ResponderExcluirLindo poema.
Um abraço
Regina Márcia
http://www.jeitinhomineiro.blogspot.com/