“Lendas”: um brinde à música sertaneja

Imagine que a nova geração de artistas, protagonista do maior mercado de música do país, responsável pelo maior domínio que a música sertaneja já conquistou em quase cem anos, decidisse pagar sua conta com a história.
Foi mais ou menos o que aconteceu ontem, no Citibank Hall, em São Paulo, com a gravação de “Lendas”. Aos que não sabem, o projeto saiu das mãos da “Fernando e Sorocaba Produções Artísticas”.
Sob uma megaprodução visual inspirada na relação do sertanejo com o circo, com a supervisão de Marcos Frota (que muitos conhecem da Globo) e da família Stankowich, de mais de 150 anos de tradição circense, Milionário e Marciano acabaram sendo os verdadeiros homenageados no DVD deles mesmos.

O repertório foi uma mescla de grandes sucessos da carreira de cada um, produzidos por Fernando Zor e Rodrigo Costa, com arranjos grandiosos e músicos de orquestra. Fernandinho foi o único convidado especial do show, mas apenas como guitarrista, não como cantor. Foram apenas duas canções inéditas (Localizador e Lágrimas de amor).
No palco, juntos, estavam dois responsáveis por diversos hits que os jovens cantam até hoje nas noites. Seria muito injusto, como disse o próprio Sorocaba após a gravação, que eles não fossem tratados em vida como merecem.
O caso que mais alivia quem defende a música sertaneja é o do Marciano. Responsável por uma série de sucessos de dar inveja a qualquer artista, ele era quem menos aproveitava o sucesso da nova geração. Faltava alguém colocá-lo no pedestal e tratar com o respeito merecido o dono de “Ainda ontem chorei de saudade” e “Seu amor ainda é tudo”.

Sabemos que criar uma nova dupla, provavelmente, não daria muito certo. A história nos dá diversos exemplos. A grande sacada foi a maneira como o projeto “Lendas” foi tratado, o “envelope” que foi usado pra apresentar a ideia.
Se invejamos a maneira com que os Estados Unidos reverenciam seus ídolos e lamentamos como no Brasil grandes nomes são esquecidos, ontem foi dada uma aula de como é possível agradecer, homenagear e tornar comercial personagens importantes que, se ficassem simplesmente por conta das vontades do mercado, seriam colocados de lado.
O show “Lendas” vai pra estrada no ano que vem, com alguns ajustes de estrutura e também no conteúdo, principalmente na interação entre os cantores durante o show. Afinal, foi apenas a primeira vez que essa formação subiu ao palco.
Já há uma série de datas pré-acordadas para 2016 (cerca de 70), mas esquecendo um pouco o lado financeiro, o projeto, se ficasse apenas em um mero DVD, já valeria como o emocionante registro de um gênero musical que prova dia após dia o porquê de ser, definitivamente, a mais importante música do país.
Não houve um momento específico de homenagem a Zé Rico e a João Mineiro, mas após a última música, os cantores falaram dos ex-parceiros.

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